Textos


Outrora

 

Ai o que nós dissemos! Que ansiedades!

Mas sobretudo, amor, tantas saudades

do que nunca chegamos a dizer!

            (Outrora, Virginia Vitorino, Portugal, 1895 — 1967)

 

Nas trilhas palmilhadas, tudo igual,

Relembro, com ternura, o quanto rias

De mim, de ti, de nossas utopias,

Em tudo tu deixaste algum sinal.

 

Tornou-se o tal querer, depois, banal,

Findaram-se os encantos, fantasias,

As súplicas de amor, que me dizias,

Com teu olhar – translúcido cristal.

 

Tornei-me um passarinho, só, implume,

No ninho dessa angústia – fino gume -

Suspensa nesse incerto vir a ser.

 

Recordo, com saudade, os tempos idos,

A lamentar os sonhos não vividos,

Os versos que jamais te irei dizer.

 

Brasília, 16 de janeiro de 2.022.

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 17/01/2022
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