Textos


Ciclos LX
Ela não sabe que o desgosto passa
Nem que do orvalho a abençoada graça
Faz reviver a planta que emurchece.

Auta de Souza

Na vida, eu sei, se tem demais desgosto
que, às vezes, desejamos ver seu fim,
mas vamos caminhando, mesmo assim
sem ter qualquer prazer, desejo, gosto.
 
Sonhamos primavera e, por suposto,
sentir os seus perfumes no jardim,
sorver os doces cheiros de jasmim,
sem lágrimas rolando em nosso rosto.
 
Eu sei, sabemos nós que tudo passa,
também se evola, vira pó, fumaça,
qualquer tristeza, toda mágoa, dor.
 
O orvalho da chorosa noite escura
contém, em si, a força imensa e pura
que regenera até a murcha flor.
 
Brasília, 22 de Agosto de 2013.
Livro CICLOS, pg.84
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 22/08/2013
Alterado em 12/09/2020


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