Fênix
Sou a erva daninha que se enflora
nas gretas dos rochedos, do cimento,
pois ruminei a dor, em desalento,
bebi o próprio pranto vida afora.
Tornei-me, assim, aquela que se arvora
a ressurgir nas frinchas do tormento...
Nos vãos das rochas, guardo e sedimento
as forças que detenho em mim agora.
Eu me encontrei, depois de tanta luta,
de mágoa em mágoa, que o viver abruta,
a carregar no peito apenas pedra.
Se alguém me pisa, humilha ou mesmo esmaga,
renasço bem mais forte do que a praga
que surge e viça onde o nada medra.