Ser mãe
Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!
(Ser mãe, Henrique Maximiano Coelho Neto, Maranhão, 1864-1934)
Ser mãe é se encontrar no olhar do seu rebento,
sentir na própria carne as dores que ele sente,
é ser espinho e flor, a terra em que a semente
germina a nova vida – o seu destino bento.
Ser mãe é ver morrer no espaço de um momento,
sem nada o que fazer, mesmo que a tudo enfrente,
o fruto que gerou no ventre forte e quente,
mas que encontrou um mundo em guerra e tão violento.
Ser mãe é prosseguir na mais ferrenha luta
pela família, o dom, que seu amor desfruta
até que chegue o fim e a morte, então, lhe acene.
E não lamenta, não, a dor que lhe vergasta,
ainda que ela seja assaz profunda e vasta:
ser mãe também é ser a lágrima perene.
Edir Pina de Barros
Cadeira n.6 – Cecília Meireles
Academia Brasileira de Sonetistas (Abrasso)