OFERENDA
A ti, silêncio, sei que tudo devo,
na plena solitude em que mergulho,
neste brumoso e frio mês de julho,
carente de esperança, algum enlevo.
Sonhar sequer invento, nem me atrevo
em meio a tantas perdas, tanto esbulho,
e lágrimas de dor que, só, debulho
neste viver sem vida e sem relevo.
Nem sei o que seria da poetisa
sem essa solidão, que se enraíza
nos ermos mais secretos da poesia.
A ti, senhor das noites quietas, longas,
oferto sem recatos, sem delongas,
os versos que essa paz me propicia.
Edir Pina de Barros