Alquimista
Já nem me rola a lágrima no rosto,
pois me perdi em meio às perdas tantas,
porém eu canto, enquanto tu não cantas,
nem sentes o que eu sinto, por suposto.
Tu tens o pranto como pressuposto
precipitado líquido que plantas
no chão das mágoas, entre véus e mantas,
a revelar ao mundo o teu desgosto.
Transmuto as minhas lágrimas em versos
translúcidos, em tempos controversos,
e a minha dor, assim, externo, exponho.
E mais do que chorar eu me espedaço
e me refaço aos poucos, passo a passo,
nos vãos que existem entre a morte e o sonho.
Edir Pina de Barros