Reflexões
Há quem se entregue ao mar, às vagas da luxúria,
às ondas do prazer que espumam sobre a areia,
no vai e vem febril, que tudo quer, anseia,
sem nada que contenha o seu agir em fúria.
Há quem se entregue, sim, com displicência, incúria,
à força da preamar, na plena lua cheia,
que causa muito mal, a tudo chicoteia,
sem se importar, também, com sua ação espúria.
Há quem só pensa em si, de um modo vil, insano,
e deixa, no seu rasto, a dor, tristeza e dano,
vestígios do penar, as marcas da devassa.
A vida é delicada, efêmero existir,
semeia com amor, agora e no porvir,
porque viver é dom, se evola igual fumaça.
Edir Pina de Barros