Recorda-te de mim quando, ao morrer do dia,
as rosas nos rosais ganharem tons de mágoa,
auripurpúreos tons... Eu, que no peito trago-a,
relembrarei de ti nos véus que ocaso fia.
Recordo-me de ti nas horas sem poesia,
em que sufoco a dor, no cerne d’alma esmago-a
e livre da tristeza e dessa imensa frágua,
volto a pensar em nós e tudo me extasia.
Recorda-te do amor, que outrora foi o brinde,
que a vida concedeu e trouxe a paz infinda,
a dádiva maior, a que ninguém prescinde.
Sem ti o pôr-do-sol se torna triste, cinza
pois todo e qualquer sonho, a nuvem cobre e blinda,
impõe-me a solidão e tudo, em mim, se acinza.
Edir Pina de Barros