Medo
"Ouve o grande silêncio destas horas!"*
Devastador! Insuportável fardo,
que ora carrego, enquanto me resguardo
da dor que ele me causa, sem melhoras.
Nessa abissal quietude tu te escoras,
enquanto as minhas mágoas urdo e cardo,
por te querer demais. Sem ti, ó, bardo,
serão tristonhas todas as auroras.
Pressinto o fim de tudo, sim, pressinto,
perdida nesse vasto labirinto,
morta de medo e trêmula prossigo.
Demais me custa ver o teu mutismo,
que me pergunto e, até confesso, cismo
que estás aqui, mas não estás comigo.
Edir Pina de Barros
(*) Primeiro verso é de autoria de Virginia Victorino, soneto Medo