Fugacidade
Eu bebo a vida, gole a gole e dia a dia,
como quem sorve um beijo ou tange o azul do sonho,
enquanto externo o amor nos versos que componho,
na taça que desborda o dom da poesia.
Eu bebo a vida, sim, e sempre a beberia,
no cálice da luz do fulvo sol risonho,
do meu querer sem fim, que sem pudor exponho,
com letras da paixão e tons de fantasia.
Na fonte do candor eu sempre me embriago,
ainda que ébria e só a bebo, trago a trago,
enquanto, com fervor, eu teço a minha prece.
Pois ela é tão fugaz, é brisa, logo passa,
o tempo, em si, desfaz qualquer quimera ou graça,
a essência do existir que, aos poucos, se esvanece.
Edir Pina de Barros