Textos


Fugacidade

 

Eu bebo a vida, gole a gole e dia a dia,

como quem sorve um beijo ou tange o azul do sonho,

enquanto externo o amor nos versos que componho,

na taça que desborda o dom da poesia.

 

Eu bebo a vida, sim, e sempre a beberia,

no cálice da luz do fulvo sol risonho,

do meu querer sem fim, que sem pudor exponho,

com letras da paixão e tons de fantasia.

 

Na fonte do candor eu sempre me embriago,

ainda que ébria e só a bebo, trago a trago,

enquanto, com fervor, eu teço a minha prece.

 

Pois ela é tão fugaz, é brisa, logo passa,

o tempo, em si, desfaz qualquer quimera ou graça,

a essência do existir que, aos poucos, se esvanece.

 

Edir Pina de Barros

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 30/12/2024
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