Textos


SIAMESAS

 

Eu beijo a vida como beijo a morte

(Carmen Lúcia da Cunha Moraes, poema “Purificação”)

 

Eu beijo a vida como beijo a morte,

duas irmãs que não se apartam, nunca,

uma nos leva, tem a garra adunca,

para os confins do eteno, firme e forte.

 

Mesmo que em meus sonetos muito a exorte,

com a arte que o viver meus versos junca,

é frágil, a outra, seja boa ou funca,

a depender, quiçá, do azar ou sorte.

 

Nasceram juntas, univitelinas,

mas diferentes são em suas sinas,

nos ciclos do existir da humanidade.

 

Entre essas duas, tudo se processa,

a vida é um vir a ser, sutil promessa

e a morte é ser sagaz que a tudo invade.

 

Edir Pina de Barros

 

 

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 20/12/2024
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