Textos


Insânia

 

Na extrema solidão em que me vejo,
eu penso em ti. E quando assim me ponho,
entre a luz do real e o breu do sonho,
teu vulto, sim, revejo, altivo e andejo.

 

Desvelo o teu semblante. Em um lampejo
de insensatez tocar-te me proponho,
mas tu te afastas, lívido e tristonho,
indiferente a mim e ao meu desejo.

 

Ainda escuto a tua voz rouquenha,
que me penetra fundo, em mim se embrenha,
a declamar teus versos... Só prossigo,

 

nos ermos mais profundos de mim mesma,
a te buscar, ó, pálido abantesma
do pai que tive, grande mestre e amigo.

 

Edir Pina de Barros

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 01/12/2024
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