SAUDADE
O que a memória ama, fica eterno. Te amo com a memória, imperecível.
(Para o Zé, Adélia Prado, Minas Gerais, 1935 - )
Enquanto o tempo flui e tudo passa,
a própria vida, em si, se esvai – é vento –
ela me traz de volta o lado bento
de tudo que amei com fé e graça.
Emerge da memória e vem, me abraça,
a eternizar o encanto de um momento,
esqueço qualquer mágoa e ainda tento
do diamante separar a jaça.
A misturar quimera e realidade
na mais perfeita forma de alquimia,
a musa vem e a minha verve invade.
E chega sem detença, à revelia,
despida de recatos e, à vontade,
aninha-se em meus versos, me extasia.
Edir Pina de Barros