Minha saudade
Minhas saudades
são como as correntes
do rio Wen,
apressadas, sem descanso,
rumo ao sul.
(A Du Fu, da Aldeia de Shaqiu, Li Bai, China, 701-762)
Minha saudade – fonte de água pura
que verte para o vale da poesia –
ressurge das lembranças, dia a dia,
de ti e desse amor que me tortura.
Minha saudade sempre te procura
na liquidez sem fim da nostalgia,
no vento, que teu nome balbucia
suavemente, com demais ternura.
A te buscar, sem trégua e sem descanso,
hei de encontrar em ti algum remanso
para brincar contigo, igual menina.
Quiçá, então, renascerei isenta
de tudo que me prende e me atormenta,
de tudo que ao passado me confina.
Edir Pina de Barros