Adeus
A vaga silhueta de tua solitária vela
desaparece no espaço esmeralda,
e só resta o Grande Rio
a correr para os confins do céu.
(Adeus a Meng Haoran, Li Bai, China, 701-762)
Aos poucos tua voz desaparece,
mistura-se ao bafejo de uma brisa
(que tange a relva e nela se desliza)
suave como um cântico de prece.
E tudo, em teu olhar, também fenece
na réstia de ternura que agoniza,
aos poucos se desfaz, à tua guisa,
a sutileza, o toque de finesse.
O gosto de um adeus me amarga o rosto
ao ver sumir teu vulto altivo e esguio
que amei demais, que eu amo, por suposto.
E a tua silhueta se desfaz
na turbidez das brumas junto ao rio,
nas brenhas de um silêncio tão voraz.
Edir Pina de Barros