PEDRA
Se a vida é uma vidraça, sou a pedra
que rompe o espaço, quando não se espera,
severo outono em plena primavera
e a flor que no cerrado seco medra.
Medusa, cujo olhar ao outro empedra,
e Fénix, que a si própria regenera,
anjo que traz em si voraz pantera,
mas nos vinhais de mágoas, faz a redra.
Eu sou, também, a lágrima e o sorriso,
que em vários versos rudes, verbalizo,
caso contrário, nunca escreveria.
Sou sonho e pesadelo, sou aquela
que tudo que é agridoce, enfim, pincela
com tintas da emoção da poesia.
Edir Pina de Barros