Súplica
Tu chegas devagar, suave e triste,
como quem nada sabe, nada anseia,
revolves, sem piedade, a densa teia
da história desse amor, que em mim persiste.
Por que te impões? Se tudo em mim resiste...
Cativas-me com cantos de sereia
das águas da memória que, em cadeia,
dissolvem minha mágoa com um chiste.
Instilas sedativos no meu sangue
e assim me deixas tão passiva e langue,
submissa à tua força e majestade.
Não vês que tu me matas lentamente
se trazes o pretérito ao presente?
Suplico que te vás, de mim, saudade.
Edir Pina de Barros