Mácula
A chaga de uma perda não se cura,
Jamais se fecha, nunca cicatriza,
Não tem fronteira, não, qualquer divisa
E o tempo aumenta sempre tal cissura.
A chaga de uma perda nos fratura
Invade o coração e o coloniza,
Domina as emoções e, a sua guisa,
Tortura sem matar, semeia agrura.
Se a morte vem e o nosso sonho esmaga
Demais extensa torna-se essa chaga
Que nos consome, rouba o nosso brilho.
Pior se torna a mácula profunda
Que sangra sem cessar e nos inunda
Se ela nos tira, sem piedade, um filho.
Edir Pina de Barros