SONETO EM DOR MAIOR
A dor de ver-te frágil me atravessa
Inunda meus remansos, minhas praias,
Com densos véus cinzentos de cambraias
Do ocaso do viver, que esvai depressa.
A dor de ver-te assim, em mim impressa,
Quando, a sonhar, por vezes, tu ensaias
Partir nas verdes asas das jandaias
No rúbeo pô-de-sol, que sangra à beça...
As tuas mãos, que foram porto e cais,
Agora estão instáveis por demais,
Tremulam mais que garças contra o vento...
Renascerás, porém, dos teus poemas
Que expressam teus pensares e dilemas,
Dos versos teus, escritos a contento.
EDIR PINA DE BARROS