Textos


Harpia (2)
  
Teus olhos me  perscrutam, dentro e fora,
à busca de recôndito segredo,
porém se te aproximas longe quedo,
em meus sombrios ermos ele mora.
 
E quanto mais me espreitas com demora,
mais eu me imponho um íntimo degredo,
pois tal intimidade não concedo
e cerro a minha Caixa de Pandora.
 
O teu olhar – navalha fina em riste –
não sei porque me sonda e, assim, insiste
em devassar meu ser – arisca harpia
 
que gosta de adejar sozinha e à toa,
nos cumes das montanhas, voa e voa,
entregue ao vasto céu da poesia.

 

EDIR PINA DE BARROS

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 22/01/2024
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