Harpia (I)
Andei sonhando mais do que eu devia,
e agora estou assim – asa partida –
sem ter sequer um sonho nesta vida,
repleta de vazios. Pobre harpia
que volitou além da serrania,
olhar de lince, pronta para a lida,
gadanhos afiados, na investida,
para apresar o amor que tanto cria.
Sonhei demais, voando nas alturas
para tombar no chão das desventuras
sem alcançar os desejados cumes.
Mas como não sonhar, planar nos céus?
Como viver incréu entre os incréus?
Ficam nos ninhos pássaros implumes.
Edir Pina de Barros