Não me jures, não, amor eterno!
Vai-se o verão. Agora é frio e neva.
Palavras sem valor, o vento as leva.
As juras antecedem as desditas.
(Promessas, Miguel Russowsky, Rio Grande do Sul, 1923 – 2009)
Ai! Não me jures, não, amor eterno...
Não sobrevive, o enlace, à simples jura,
prefiro um breve olhar de forma pura
para que finde, em mim, o longo inverno.
O que dedico a ti e aqui externo
é vero sentimento de ternura,
daquele que na vida se procura,
que traz, em si, o dom de ser fraterno.
Entenda, enfim, dispenso que me jures!
Desejo o amor que nesses olhos grita,
mas pode se perder, depois, alhures.
Prefiro, desse olhar, a luz bendita
e não o eterno amor que está nenhures:
a jura traz no ventre a dor, desdita.
Edir Pina de Barros