A noite de um adeus ensina a gente
ter dias sem relógio…e alguém já disse
que nunca cicatriza totalmente.
(Miguel Russowsky, Rio Grande do Sul, 1923 – 2009)
O instante de um adeus jamais se finda
No derradeiro olhar, crispado o rosto,
Nas mãos vazias, cheias de desgosto,
Na boca os beijos cálidos ainda.
A angústia de um adeus, jamais bem-vinda,
Produz ferida na alma, por suposto,
E deixa tal penar ao mundo exposto,
Que um breve e distraído olhar deslinda.
Adeus, gume cortante de uma adaga
Que, de repente, o sonho estripa e traga
No cálice do efêmero existir.
Depois? Nos resta o tempo da saudade
Que chega sem licença e nos invade,
A misturar passado com porvir.
Edir Pina de Barros