Mácula
Pungente mágoa, em tom de névoa triste
Que sobre o ser vivente cai, se espalha,
fraciona o coração, igual navalha,
que a devorar a luz e a paz persiste.
Sombra do amor, que agora não existe,
Precipitado amargo na mortalha
Do encanto que se foi... E ri, gargalha
Da alma dolente, com seu dedo em riste...
Que mal nos fazem farpas lacerantes
Dos dissabores de um querer que finda
Mas deixa o fel no peito dos amantes.
E dos prazeres todos, tanta festa?
De nada vale, não, sonhar ainda
Em meio à infinda mácula que resta.
Edir Pina de Barros