Serenidade
"Na mão de Deus, na sua mão direita",
entrego, humilde, o tempo que me resta,
despida de vaidades, a alma em festa,
enquanto o cosmo infindo mira, espreita.
Divino julgamento aguarda e aceita,
com toda a luz que a fé, em si, empresta,
porque buscou a paz e foi honesta,
ciente que depois se faz colheita.
E nada teme, apenas segue adiante,
deixando as mágoas, todas, à montante
das águas do viver, até na enchente.
E se por mim alguém buscasse um dia...
Quem sabe algum poeta assim diria:
"dorme na mão de Deus eternamente"!
Edir Pina de Barros
Os versos 1 e 14 são de autoria de Antero de Quental, soneto NA MÃO DE DEUS