Saudade
“Nada há que me domine e que me vença”,
Sou filha do querer infindo e forte,
Que sobrevive além, depois da morte,
Da mágoa, do desdém, da desavença.
E não dependo, não, de credo ou crença,
de verso que me cante ou que me exorte,
pois nada muda minha força e sorte,
carrego a eternidade em mim apensa.
Enquanto o tempo passa eu cresço, viço,
Aumenta meu poder, também feitiço
E adenso nas ausências prolongadas.
Eu sou presença ausente do passado,
Das horas divididas, lado a lado,
“e de outras mais serenas madrugadas!”
Edir Pina de Barros
Os versos 1 e 14 são de autoria de Cruz e Souza, soneto Inefável.
Escrito para trilha do Fórum do Soneto