Seiva
Há muito te perdi, amor sublime,
Nas brumas da paixão, emparedada,
Por entre mil visões, mas vendo nada,
Prossigo só, sem algo que me anime.
E nada me liberta ou me redime
Da dor de te querer sem ser amada,
Refém de uma saudade que me brada
e, no meu cerne, o nome teu imprime.
Confesso que vivi nos vãos do medo
De um dia te encontrar no meu degredo
E de morrer, enfim, na noite fria.
Mas não morri e viva trago em mim
A seiva dessa angústia e desse esplim,
A fonte de onde jorra poesia.
Edir Pina de Barros