Textos


Desventura

 

 

“Foge-me a vida no correr do pranto”

Mas canto, sem cessar, a desventura

Da morte que me espia e, enfim, me amura

Neste jardim sem flor. E eu não me espanto.

 

Refém de algum porvir em desencanto

Prossigo agonizante e na clausura,

Levando na alma a dor que não se cura

E que, apesar da luta, não suplanto.

 

Rumino a mágoa infinda desta sina

Que me persegue desde pequenina

e me condena, o tempo me abrevia.

 

Se acaso fui feliz, sonhei, deveras,

No colo tão macio das quimeras,

“Minha ventura só durou um dia”.

 

 

Edir Pina de Barros

 

 

O primeiro e o último versos são de autoria de Auta de Souza, soneto Hoje.

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 13/02/2023
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