Ode à lágrima
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Nascida na ternura ou na tristeza
Límpida gota dos orvalhos d’alma
Tu, lágrima saudosa, muda e calma,
Que força enorme tens nessa fraqueza?
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(A lágrima, Carmen Freire, Rio de Janeiro, 1.855 – 1891)
Ode à lágrima
Amo-te nívea lágrima serena
que nos meus olhos nasce e escava o rosto,
por causa de um penar que, por suposto,
somente um grande amor assim condena.
E quando cais em minha tez morena,
traduzes minha dor e meu desgosto,
deixando o meu sofrer, ao mundo, exposto,
enquanto a luz da paz a mim acena.
E como não te amar se bem me fazes,
alívio tu me trazes nessas fases
difíceis de seguir o meu caminho.
E quando, calma, brotas da alegria,
ó, filha da emoção, tu és poesia,
o colo divinal no qual me aninho.
Edir Pina de Barros