Não quero o teu amor! O teu amor parece
Que feito deve ser de magnólias e luares!
Amor espiritual, casto como uma prece,
De uma pureza ideal de alvas toalhas de altares!
(Diverso amor, Alceu Wamosy, R. Grande do Sul, 1825-1923)
Rejeito o teu amor feito de espera,
De sonhos, fantasias, puro e casto,
e de pensá-lo assim demais me agasto,
porque em meu peito muita angústia gera.
O teu pudor depressa me oblitera
o impulso do desejo imenso, vasto,
por isso me contenho e já me afasto,
reprimo, da volúpia, a besta fera.
Enquanto busco o teu olhar, sedenta,
o teu logo me escapa e se acorrenta
nos densos véus do medo virginal.
O meu desejo, atávico e lascivo,
cultivo sempre e dele não me privo
pois trago em mim a fúria de um chacal.