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TORMENTA

 

“Gargalha, ri, num riso de tormenta,”

sufoca a imensa dor que o desviscera,

fingindo ser hercúlea e forte fera,

que tudo em si suporta, tudo aguenta.

 

E gargalhar bem mais ainda tenta

enquanto a intensa mágoa o dilacera,

esgarça a carne, igual voraz pantera

de sangue desejosa e tão sedenta.

 

Contorce o corpo, salta longe e volta

mas não revela, não, qualquer revolta

os músculos retesos feito um aço.

 

E quando, então, chegar ao fim da cena,

como se fosse mesmo alguma hiena

“ri! Coração, tristíssimo palhaço.”

 

Edir Pina de Barros

 

Fórum do Soneto - TRILHA DE SONETOS XCI -  primeiro e décimo quarto versos  são de autoria de Cruz e Souza, "ACROBATA DA DOR"

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 16/01/2023
Alterado em 16/01/2023
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