*CREPÚSCULO*
"Trompas do sol, borés do mar, tubas da mata"
Silenciai perante o pôr de sol sangrento,
Ouvi os sabiás, anus, também o vento
Que enverga os capinzais, que tange e que chibata.
O belo, em si, se expõe e em tudo se retrata,
De forma tão sutil - instante breve e bento -
Que versejá-lo, enfim, sequer concebo ou tento,
Diante do esplendor da formosura inata.
O tom crepuscular em tudo se derrama,
A refazer, do encanto, a delicada trama
Que traz a luz e a paz ao coração que neva.
Silenciai, enfim, para escutar a prece
Que tais purpúreos tons em tudo urde e tece
"Entre o pudor da tarde e a tentação da treva".
Edir Pina de Barros