LÂMINAS DA BARBÁRIE contém quatro partes. Na primeira, Conquista, a autora desenvolve temas como o genocídio, a transformação do meio ambiente, a expropriação das terras indígenas, usando formas fixas como o soneto e o pantum. Neste, são registradas, com clareza cabralina, as mutações impostas ao cerrado, suas consequências para o ecossistema e seu impacto humano e cultural.
Na segunda seção, Barbárie, trata do genocídio de povos indígenas, iniciado em 1500 e continuado até os dias atuais. Em uma das prosas, a autora nos remete à quase invisibilidade do massacre dos Akroá-Gamella, em timbre seco de crônica jornalística, como em algumas peças de Manuel Bandeira...
Na terceira seção do livro, ela poetiza a saga dos Kurâ-Bakairi, povo indígena que habita o cerrado de Mato Grosso.
Na quarta e última seção, Bóe-bororo vive, tem-se uma coroa de sonetos, composição que exige engenho e arte de poetas. A autora faz uma elegia em homenagem a Kadagare, líder indígena e xamã falecido aos 94 anos, às margens do Rio São Lourenço, Mato Grosso. É uma dolorosa despedida, que concilia sentimento e artesanato poético.
Este livro se destina a todos os que se interessam por literatura e questões étnicas, mais especificamente as indígenas.
Claudio Daniel
Escritor, poeta e crítico literário
Mestrado e o doutorado em Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP)
Pós-doutorado em Teoria Literária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
LÂMINAS DA BARBÁRIE resulta de minha convivência com povos indígenas no decorrer de mais de 40 anos. Morei nas Terras Indígenas Dourados (MS) e Bakairi (MT), com os Terena, Nhandeva, Guarani-Kaiowá e Bakairi. A condição de pesquisadora e perita da Justiça Federal me levou a conhecer outros tantos povos e cenários. Reflete, sobretudo, os aprendizados com os próprios indígenas. Ouvi-los me foi fundamental para refinar o olhar sobre o Outro, o colonizador. Traduzi as experiências em prosas poéticas e poemas de formas fixas ou livres.
Nas três primeiras partes deste livro – Conquista, Barbárie e Bakairi - versejo as reflexões acumuladas acerca da conquista colonial, do avanço do capital sobre territórios indígenas, da violência inerente aos processos expropriadores e da luta desses povos para sobreviver em meio à tanta injustiça social.
Na última seção do livro, pranteio, em uma coroa de sonetos, a dor da perda de um grande mestre, xamã e líder Bororo, que conheci nos idos de 1970.
Edir Pina de Barros
Antropóloga/poeta
Bacharelado e Mestrado em Antropologia pela Universidade de Brasília
Doutorado e pós-doutorado em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP)
Perita da Justiça Federal