Onda do mar
Água que à água torna, de luz franjada,
Abre-se a vaga em espuma.
Movimento perpétuo, arco perfeito,
Que se ergue, retomba e reflui.
Onda do mar que o mesmo mar sustenta,
Amor que de si próprio se alimenta.
(Água que à água torna..., José Saramago)
Água que a si retorna em luz franjada
em movimento infindo, tão perfeito,
afaga a praia e volta para o leito,
de vaga em vaga, eterna cavalgada.
Estruge, se ergue, canta uma toada,
reflui, se espuma e volta sempre e a eito,
cogito mesmo, quando a espio, espreito,
que alguma grande dor ao vento brada.
O vendaval o seu vigor adensa,
Amplia seu poder, de força imensa,
onda do mar que o imenso mar sustenta.
No vai e vem ameiga a rocha e areia
e se desfaz, refaz, a tudo alheia,
“Amor que de si próprio se alimenta”