Recorda-te de mim
Recorda-te de mim quando de tarde
Gloriosa a morrer na luz do dia
E nos seios da noite a serrania
Em candores de neve se ocultar
Recorda-te de mim nesse momento
As estrelas saudosas do penar
(Recorda-te de mim, Catulo da Paixão Cearense)
Recorda-te de mim na tarde que agoniza
Enquanto a passarada aos poucos silencia,
E tudo tem um tom de encanto, de poesia,
E beija a rubra flor a delicada brisa.
Recorda-te de mim enquanto o sol matiza,
Na sua extrema-unção, com rubra galhardia
O céu azul pastel, que a terra acaricia
E vai se pôr além dos campos de altamisa.
Recorda-te de mim no cheiro que se emana
Das rosas nos rosais, das plantações de cana,
Do leito em que sozinha agora e sempre hiberno.
Recorda-te de mim silente e a divagar...
E o dia, enfim, morrer por entre a serra e o mar,
Nas vagas do penar do amor profundo e eterno.
Edir Pina de Barros