Definitiva como um mármore
a tua ausência fará tristes outras tardes.
(Despedida, Jorge Luís Borges)
Estás aqui, mas já te sinto ausente,
Existem muros entre nós e um mar
Separa nossos corpos que, apesar
de tudo, se desejam loucamente.
E sofreremos, como toda a gente
Que sente dentro o peito a dor morar,
Saudosa de um amor que foi luar
Em pleno dia, pleno sol nascente.
Pressinto, sim, a tua falta agora
E, ao ver-te sem te ver, minha alma chora,
Descrente que, de mim, lembranças guardes.
E tal marmórea ausência, que antevejo,
Que fere frontalmente o meu desejo,
Fará mais triste as minhas outras tardes.
Edir Pina de Barros