Textos


Soneto azul-aquoso

 

Meu corpo, atravessado por um rio,

borbulha de desejo, entre cascatas,

prossegue, lambe e beija margens, matas,

espuma, se contorce, corredio...

 

E as ondas, sobre o leito tão macio,

entoam mil adágios e sonatas,

saltitam, muito mais que os acrobatas,

entregues à volúpia, em desvario.

 

Os peixes sobem curvas dos meus seios,

mordiscam a minha pele, em seus enleios,

em busca de um momento prazeroso.

 

E, nesse encontro, nos tornamos um,

de um modo ímpar, único, incomum:

extenso mar profundo, azul-aquoso.

 

Edir Pina de Barros

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 16/12/2021
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