Meu corpo, atravessado por um rio,
borbulha de desejo, entre cascatas,
prossegue, lambe e beija margens, matas,
espuma, se contorce, corredio...
E as ondas, sobre o leito tão macio,
entoam mil adágios e sonatas,
saltitam, muito mais que os acrobatas,
entregues à volúpia, em desvario.
Os peixes sobem curvas dos meus seios,
mordiscam a minha pele, em seus enleios,
em busca de um momento prazeroso.
E, nesse encontro, nos tornamos um,
de um modo ímpar, único, incomum:
extenso mar profundo, azul-aquoso.
Edir Pina de Barros