*Pássaro liberto*
Após o mourejar de tantos anos,
Musculatura fraca ou embrutecida,
Deixa essa faina e parte em despedida,
Deixando sonhos... ganhos... desenganos...
(A viagem humana, Ineifran Varão)
Tu viverás nos campos da poesia,
nos quais plantaste versos à mancheia,
tecidos, entre si, com fina teia
de filigranas que o poeta cria.
Tu viverás no encanto e na magia
do trinado, que um pássaro gorjeia,
da verve que pulsou em tua veia,
no teu cantar, que a mente acaricia.
A vida, cá na terra, é só miragem,
passamos, um a um – pois é passagem -
é chuva de verão, depressa evola.
Renascerás em tudo, por suposto,
revoarás nos céus, de agosto a agosto,
qual pássaro que escapa da gaiola.
*Edir Pina de Barros*