LOUVOR ÀS ÁGUAS
Bendita seja a chuva a reciclar o espaço,
e tudo que o crestou... O fogaréu bravio
secou o pantanal - corixo, lago, rio -
matou os animais, a flora, pari passu.
Na tez de quem amou, mas se rompeu o laço,
no mapa do penar, profundo e tão sombrio,
bendito seja o pranto, em meio à dor do estio,
que tira o véu do olhar momentos antes baço.
Bendito o sêmen, sim, também transpiração
que escapa em cada poro, os líquidos vitais,
sementes do devir, de paz reconfortante.
Louvemos, com fervor, as águas que nos dão
o dom de transmudar as nossas mágoas, sais,
em fontes de esperança, a murmurar: avante!
Edir Pina de Barros