Carnaval e nostalgia
No carnaval de antigamente havia
o sentimento de alegria pura,
a plenitude da feliz ventura,
de transportar, no coração, poesia.
À Columbina, um Pierrot dizia
da eternidade de um amor, a jura,
com o semblante a transbordar ternura,
na madrugada, no raiar do dia.
O encantamento que existia outrora
transfigurou-se num turismo agora,
em lucrativo simulacro, enfim.
Na serpentina da memória resta
a nostalgia da espontânea festa,
felicidade que chegou ao fim.
EDIR PINA DE BARROS
ACADEMIA BRASILEIRA DE SONETISTAS
Cadeira n. 6 – Cecília Meireles
Soneto sáfico puro, com tônicas apenas nas sílabas 4-8-10