Sou rio
Eu sou um rio que silente corta
o vale e a mata, campos e rochedos,
e não conheço, não, momentos ledos
e rolo sobre o leito, quase morta,
eu busco o mar bravio, e não comporta.
Jamais serei rochedo – pois sou água –
e sempre vencerei o medo e a mágoa,
que afogarei no mar, profundo e vasto,
do amor. E apago, sempre, a marca, o rasto
de sentimentos ruins, de qualquer frágua.
Sou rio, arrasto pedras, tudo lavo,
pesares - folhas mortas sob a areia –
e assim prossigo, na vazante e cheia,
apaziguando a dor, qualquer agravo,
sozinha em meu canal, que eu escavo.
Jamais serei rochedo - pois sou rio
que busca o mar do amor – não me esvazio
até no estio. E busco, mais além,
a paz e a luz em mim, que me convém,
e nunca o breu do ódio, tão sombrio.
Brasília, 19 de Agosto de 2.016.
Caixa de Pandora, pg. 15
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 19/08/2016
Alterado em 26/08/2020