Abismo
Edir Pina de Barros
Inferno mesmo é amar-te sem juízo
e, desse amor, sentir a morte em vida,
sem nem pensar, que ao nada me convida,
sem dar em troca tudo que eu preciso.
Amor que não conduz ao paraíso,
deixando-me mais só e desvalida,
enquanto a dor, em mim, se consolida
enquanto, pouco a pouco, eu me agonizo.
Maldito amor! Eu ardo em pleno inverno,
enquanto, dentro o peito, é frio inferno
e tudo n’alma, em chama, neva, neva.
Amar-te assim é o meu fatal abismo,
e me pergunto mesmo se eu sofismo,
acerca desse amor, que é a minha treva.
Brasília, 19 de Junho de 2016.
Livro: Lira insana, pg 12
Publicado no Facebook no dia 18 de Junho de 2016.