Há dias que se acabam sem canários
cantando nas paineiras, já sem flores,
nas árvores, tão secas e sem cores,
de galhos retorcidos, tantos, vários.
Os campos vestem hoje véus, sudários
que cobrem os sinais devastadores
do estio. E em todo canto que tu fores
verás que os tons são tristes, cinerários.
Há tempos mais severos, mais mesquinhos,
que deixam, nas paineiras, só espinhos,
e tudo que era belo se amortalha.
Mas logo tal tristeza, em si, se amaina,
ao flutuar, ao vento, a leve paina
que cai na relva seca e ali se espalha.
Brasília, 13 de Maio de 2016.
Caixa de Pandora, pg. 33
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 13/05/2016
Alterado em 12/09/2020