Mágoa?
Mágoa? Eu não desejo, não, senti-la,
sequer pretendo dar-lhe abrigo, espaço
e, sem delongas, dela me desfaço,
porque ela verte fel dentro a pupila.
Aquele que o amargor, ao léu, destila,
há de colher o mal, que não abraço,
nem sua sombra vai seguir seu passo,
preferirá a solidão tranquila.
Sempre que posso, a mágoa, sim, evito
pois quero a paz – no seu sentido estrito –
e muita luz na estrada, ao meu dispor.
Não bebo dela nem comigo a trago
para evitar seu grande dano, estrago
que nos mergulha em grande mar de dor.
Brasília, 26 de Janeiro de 2015.
Absinto e Mel, pg. 26