Outonal
Edir Pina de Barros
Saudade me corrói, espanta o sono...
De que, de quem? Não sei, sequer me lembro,
eu sei que cheira a flores de setembro
e tem o gosto amargo do abandono.
Agora vivo assim, eterno outono,
e tal torpor eu sinto, em cada membro,
carrego, agora, um coração manembro,
um tolo rei que nunca teve trono.
E a nostalgia – já nem sei de que –
invade os dias meus, nem sei por que,
é tudo o que detenho do passado.
E se me tira o sono e desatina,
também é tênue luz que me ilumina
o outono do viver, demais cansado.
Brasília, 04 de Outubro de 2014.
Absinto e Mel, pg. 65
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/10/2014
Alterado em 06/08/2020
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