Palmilho atenta os próprios labirintos,
porões sombrios, cheios de incertezas,
que me corroem, desde as profundezas,
como se fossem anjos maus famintos.
Atentamente exploro os seus recintos,
e vejo, além das brumas, asperezas,
quimeras que se esvaem, indefesas,
olores que me alembram os absintos.
Prossigo mundo adentro e tudo exploro,
e busco, nos anversos, onde enfloro,
a fonte inesgotável de meus versos.
Concluo que a poesia mora fora
e não no peito triste de quem chora,
quem traz em si dilemas tão diversos.
Edir Pina de Barros
Livro: REALEJO, p. 45 Sonetos selecionados, pg. 14
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 12/03/2014
Alterado em 22/06/2020