Confissões (43)
Eu sou aquela que mirou adiante
e quis sonhar com novos horizontes
depois de haver bebido em todas fontes,
de ir ao chão, se erguer, seguir avante.
Aquela que já foi feliz infante,
correndo livre pelos campos, montes,
depois cresceu, amou, sofreu desmontes,
andou ao léu, levando vida errante.
Agora aqui estou e nada quero
além de ouvir Ravel, um bom bolero,
rever a minha face mais secreta.
Depois de tudo encontro-me comigo,
e a caminhar feliz, enfim, prossigo,
na sombra de quem sou: fugaz poeta!