Ciclos XX
Nas águas desses olhos suplicantes,
vertendo no semblante, em cataratas,
após vencer barreiras, mil bravatas,
eu vejo a grande saga dos amantes.
Felicidade e amor não são constantes,
nem sempre viça orquídea em suas matas,
e sempre foi assim, de longas datas,
as águas têm enchentes e vazantes.
Na dor os olhos ficam alagados,
os peixes se esparramam, vão se embora,
as aves vão cantar em outros prados.
Passada a enchente, tudo viça e enflora,
retorna o rio ao leito abandonado
e seca o farto pranto de quem chora.
Brasília, 19 de Junho de 2013.
Livros:
CICLOS, pg.44
Poesia das Águas, 97
Sonetos selecionados, pg. 89
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 19/06/2013
Alterado em 19/06/2020