Jazigo íntimo
Saudosa a recordar daquele tempo prisco
recordo-me de ti, do teu semblante e cheiro,
o envergonhado olhar, tão tímido e matreiro,
o jeito, sempre igual ao de um peixinho arisco;
do tango de Gardel, aquele antigo disco,
do vinho tinto em mim, do beijo derradeiro,
o teu garrido andar, altivo, mas faceiro,
comigo a caminhar embaixo do chuvisco.
relembro em minha tez as tuas mãos macias,
tentando responder às minhas fantasias,
as horas de paixão, as noites perfumosas;
persistes dentro em mim, nas íntimas lembranças,
e na minh'alma em dor, o leito em que descansas,
cercado de jasmins, de cravos, murtas, rosas.
Brasília, 15 de Abril de 2013.
Livro: ESTILHAÇOS, p. 41
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 15/04/2013
Alterado em 16/10/2020