Vozes
Por minha boca gritam tantos gritos,
o meu, o teu, de quem ficou calado,
daquele que morreu amordaçado,
dos povos chacinados ou proscritos.
Na minha voz há falas dos aflitos,
de quem sonhou, foi preso, torturado
e foi violentamente assassinado
por meio de cruéis, sumários ritos.
A minha voz resume a voz dos povos
que clamam por justiça e rumos novos,
mas que jamais desprezam a memória.
Na minha voz existem tantas vozes
somadas através de simbioses
gestadas pelo útero da história.
Brasília, 13 de Agosto de 2012.
CANTOS DE RESISTÊNCIA, pg. 18
Sonetos selecionados, pg. 96
Tela: C. Portinari
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 24/03/2013
Alterado em 19/06/2020
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